Como uma Pergunta

07.11.2012

Como um Deus incompreensível
confundido pela própria argumentação
perguntando: “Onde é que eu ía?”

Como uma pergunta
a que só é possível responder
com novas perguntas.

Como vozes ao longe discutindo:
“Alguma vez deste ordens à manhã,
ou indicaste à aurora o seu lugar?”

Como um filme
em que tudo acontecesse
na escuridão do espectador.

Como o clarão da noite única
e vazia abraçando pela cintura
a jovem luz do dia.

MANUEL ANTÓNIO PINA, “Com Job, Sob o Céu de Calar Alto”