A Vida da Esperança

11.12.2013

Estamos no Advento, um período de espera activa, de escuta atenta, de preparação e expectativa, de abertura ao Natal. Este é um tempo grávido, de esperanças, no qual a esperança pode ganhar outro corpo. A vigília de ontem, no Instituto Universitário Justiça e Paz, pretendeu criar um espaço e um momento férteis que nos permitissem meditar sobre a nossa fé e o nosso presente, pondo-nos a olhar para os dias que esperamos. Deixo a reflexão que li nessa ocasião:

Ouvimos dizer que a esperança é a última coisa a morrer. O mundo ensina-nos que costuma ser a primeira. Sem dúvida porque a curta esperança que vai enchendo os nossos dias é falsa, evaporando-se sucessivamente para dar lugar a outra, e a outra, numa cadeia de que nos precisamos de emancipar. É uma esperança que entope o quotidiano sem deixar espaço para imaginarmos outro mundo. Esta esperança morre porque a verdadeira esperança não se sustenta a si própria, mas necessita de algo que a sustente: um ideal, um projecto, um horizonte de fraternidade, igualdade, paz, e justiça (que constitui o cerne da pregação de Jesus). Se a esperança envolve uma vigorosa perseverança, envolve também necessariamente uma crença fundamentada, com raízes concretas. Esta esperança não é a última a morrer. É aquela que não pode morrer, já que se coloca contra a própria morte e do lado da vida. No Didaqué, obra de instrução cristã compilada onde hoje é a Palestina e a Síria nas primeiras décadas depois de Cristo, lemos logo no início: “Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois.” A via da morte é a da desanimação, da rotina, do fechamento, do definitivo, da opressão, do fim da história. A via da vida é a da ressurreição, da criatividade, da abertura, da transformação, da libertação, da história por fazer. A esperança é a imagem da vida corajosa (Mt 28,10) e abundante (Jo 10,10), daquela que recusa o medo que aprisiona o presente e o futuro, daquela que faz nascer uma nova humanidade.