A Discrição do Bem

09.11.2020


Congresso da Missão da Ordem, Roma, Janeiro de 2017. Eu estava um pouco mais para a esquerda na mesma fila, a seguir à ir. Graça Maria. A delegação portuguesa andava junta nas sessões plenárias como esta e separava-se nas sessões temáticas, tal como todas as outras. Foi uma das experiências mais intensas da minha vida, não só de fé mas também de humanidade, ou talvez de ligação entre as duas, como deve ser. Conheci pessoas de África, da Ásia, da América do Norte e do Sul, da Europa, e da Oceânia que a Ordem Dominicana chamou e uniu na mesma fé, com histórias de vida próprias, por vezes duríssimas, vividas à sombra protectora da boa nova do Evangelho. Esta fotografia do fr. Pedro, à esquerda do fr. Filipe, condensa bem a gentileza e a atenção deste homem. O seu bom-humor parecia nascer da alegria transbordante de ter Cristo como irmão e de reflectir na relação com qualquer pessoa a mesma fraternidade. Foi das pessoas que mais me ensinou sobre o que é ser cristão no quotidiano, sem precisar de dizer nada, dando o exemplo sem na verdade o procurar dar. Foi um homem bom e discreto nessa bondade. Talvez porque soubesse que essa bondade não era “dele”, era de Deus. Nesses dias de congresso passei muito tempo com ele e confesso que em tempos recentes pensava que ainda o voltaria a ver, recuperado. Assim não foi. O fr. Pedro nasceu em 1940 e partiu hoje deste mundo para outra morada, mas permanecerá connosco. Que Deus o acolha.