No Culminar da Páscoa

15.05.2016


Henry Haig, Pentecost (1972–73), vitrais da Catedral de São Pedro e São Paulo, Bristol.

No Pentecostes culmina o Tempo Pascal, a Páscoa. É a festa da fraternidade, a celebração espiritual da unidade na diferença. Falavam-se muitas línguas, mas “ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou estupefacta, pois cada um os ouvia falar na sua própria língua” (Act 2,6). Tal impede-nos de cair na idolatria da Igreja como instituição e até de Jesus como indivíduo. Em vez de instituição dizemos comunidade. Em vez de Jesus dizemos Cristo, o crucificado ressuscitado nessa comunidade. Por isso, Paulo nos diz: “Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo.” (1Cor 12). Na fraternidade não cabe aquilo que a nega: a exploração e a opressão. Daí que quando Paulo oferece exemplos dos membros deste corpo mencione os “escravos” e os “livres” sem referir os proprietários de escravos e os adversários da liberdade. Este corpo presente, animado por um Espírito que é simultaneamente legado e fruto, encontra o comum na humanidade que caminha e se eleva.

Bem Comum e Interesses Privados

11.05.2016

Santo Agostinho, bispo africano que viveu nos séculos IV e V, não se encolheu perante a iniquidade da escravatura. A privação da liberdade e a obrigação de servidão eram, para ele, um mal humano, um mal social. A cidade tinha o potencial de concretizar a ideia de que o bem humano só pode ser encontrado no bem de toda a sociedade, no bem comum. Na sua regra, responde à hierarquia portuguesa da Igreja Católica sobre a reavaliação da necessidade dos contratos de associação de colégios privados. No capítulo 5, diz que o cristão coloca o bem comum antes do seu próprio interesse, não o seu próprio interesse antes do bem comum: “Sabe, então, que quanto mais te dedicares à comunidade em vez de aos teus interesses privados, mais terás avançado.”

O Pó e a Cinza sobre Job

10.05.2016


Mahfuzul Hasan Bhuiyan, Black [injured coal worker, Dhaka, Bangladesh] (2014).


No dia da comemoração litúrgica de Santo Job:

Eu dizia: “Escuta-me, deixa-me falar!
Vou interrogar-te e Tu me res­pon­derás.”
Os meus ouvidos tinham ouvido falar de ti,
mas agora vêem-te os meus pró­prios olhos.
Por isso, retracto-me e faço peni­tência,
cobrindo-me de pó e de cinza.

Jb 42,4-6

Sobre o Conceito do Rosto do Filho de Deus

10.05.2016