No dia 10 de Julho de 1948, foi proibido um jornal que já contava com 14 anos, O Trabalhador, acusado de publicar literatura marxista. O director da publicação era pároco no Bairro Alto em Lisboa e foi afastado para a paróquia rural de Cristelo, em Barcelos. Era o padre Abel Varzim, um dos fundadores da Liga Operária Católica, de onde vieram e vêm alguns dirigentes da CGTP-IN. Em 1939, Varzim tinha desmascarado na Assembleia Nacional os “sindicatos cooperativos” do fascismo por não cumprirem a missão sindical “de defesa dos interesses dos operários, mas também de formação social dos próprios operários”. Morreu em Agosto de 1964. Trilhou uma vida pouco linear, mas fundamentalmente empenhada na contenda contra a pobreza, a exclusão, e a exploração. Ouçamos as suas justas e inspiradoras palavras meio século depois da sua morte: “A classe operária tem de se levantar por si mesma. Mas levantar-se dignificando-se, instruíndo-se, valorizando-se, tornando-se capaz de se levantar a si própria, de conquistar, por direito, o lugar que lhe pertence na direcção da economia nacional.”