O obstinado é aquele que continua a fazer o que faz mesmo quando tudo parece demonstrar que não o pode fazer. No plano cognitivo esta atitude exprime-se deste modo: “Não podemos mais fazer isso”, mas continuamos a fazê-lo, contra ventos e marés. A obstinação traduz-se modalmente assim: “não posso, mas faço-o”. Como se vê, a modalidade dominante é aqui a do querer. O obstinado sabe que, no plano cognitivo tal é impossível, sabe que no plano do desejo quer o impossível. Catarina de Siena não tinha outro verbo a que se arrimar: “Io voglio” (“Eu quero”).
— JOSÉ AUGUSTO MOURÃO, OP, “A Guerra dos Paradigmas”
Vida Obstinada, Fé Querente
16.06.2011