[...] Ora, a vida, em cristianismo, é um movimento caracterizado pelo dom de si ou a “doação” sem porquê. O dom não é uma forma dissimulada de transacção comercial, mas o trabalho do desejo. O dom consiste em se deixar atrair para lá do que se imagina. É a nossa abertura à presença do outro.
[...] A fé, como o amor, não consiste nem em acreditar cegamente e sem razão nem em recitar o catecismo duma nova lei mas na decisão de acolher ou não aquilo que se oferece, a existência autêntica ou a recusa desta existência.
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Ver não é rever mas adivinhar contornos, formas de habitar. É preciso manter atenção ao tempo, não quebrar a linha inseparável entre o céu e a terra.
— JOSÉ AUGUSTO MOURÃO, OP, “O Rosto e a Sua Sombra”
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