A Grande Noite

29.11.2012

Lágrimas, não. Lágrimas, não. A sério —
Enfim, não digo que. É natural. Mas pronto. Adeus, prazer em conhecer-vos—
Filhos, sejamos práticos, sadios.

Nada de flores. Rigorosamente.
Nem as velas, está bem? Se as acenderem
Sou homem para me levantar e vir
soprá-las, e cantar os “parabéns”.

Não falem baixo: é tarde para segredos.
Conversem, mas de modo que eu também
oiça, e melhor a grande noite passe.

Peço pouco na hora desprendida:
Fique eu em vós apenas como se
Tudo não fosse mais que um sonho bom.

MÁRIO CASTRIM, uma semana antes de falecer