28.01.2013Dir-se-á que ainda não há distância suficiente para interrogar e avaliar o período pós-conciliar que, segundo alguns observadores, misturou a primavera com o inverno, de que falava Karl Rahner. Mais delicada ainda será a apreciação das medidas da Congregação da Doutrina da Fé que atingiram os mais inovadores teólogos e movimentos teológicos e pastorais, nos diversos continentes, sobretudo nas décadas de oitenta e noventa, medidas que, aliás, ainda não estão cansadas.
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Diante dos gravíssimos problemas actuais da sociedade e da Igreja, nota-se um tal retraimento e timidez, que é legítimo perguntar: não estarão as comunidades cristãs a serem vítimas de um longo período no qual a sua voz não contou para nada? Quando, agora, nos interrogamos sobre a sua falta de empenhamento militante, talvez esqueçamos uma resposta antiga: ninguém nos convocou, ninguém quis ouvir a nossa voz, compartilhar as nossas dúvidas e interrogações, tomar a sério a nossa situação pouco canónica e pouco alinhada com a opinião dominante.