09.02.2013Ora, o que há a destacar de mais extraordinário e paradoxal, nesses relatos, é a enorme falta de fé de Jesus nos seus discípulos. Tão grande que recorreu às discípulas, às mulheres, individualmente e em grupo, para que fossem elas a comunicar-lhes que nada estava acabado com a crucifixão: o projecto, o sonho e Ele próprio estavam vivos e para sempre.
As mulheres, tidas por mentirosas, não podiam testemunhar em tribunal. Jesus viu que foram elas que, sem arredar pé, O seguiram até ao fim. Eram elas as suas testemunhas e encarregou-as de evangelizar os apóstolos, que o medo e a falta de fé tinham feito dispersar. Os próprios textos insistem, no entanto, que os homens, os discípulos, não lhes deram crédito. Continuavam com a ideia velha e derrotada de que o testemunho das mulheres não valia nos processos jurídicos. Elas serviam, quando muito, para levantar boatos. Como Tomé, tinham de ser eles a verificar. Cristo repreende-os: homens de pouca fé, continuais incapazes de vos render à palavra das discípulas.