A figura do Messias, pelo contrário, é a de quem resolve, de forma “teocrática”, milagrosa, os problemas económicos, sociais e políticos. O Messias é um caudilho que manipula a opinião pública para conseguir e manter o poder. Os textos evangélicos encaram as tentações messiânicas como diabólicas: não deixam Deus ser Deus, nem os seres humanos responsabilizarem-se pela sua história. Deus é um tapa buracos e os seres humanos paus mandados de forças obscuras.
Jesus só foi reconhecido Cristo (Messias),— aliás um Messias crucificado —, porque venceu a tentação caudilhista. Defendeu a causa dos pobres, denunciou a idolatria do dinheiro e os ricos avarentos, provocou a conversão dos “zaqueus”, dispondo-os a restituir os frutos da corrupção, sem nunca se tornar sectário.
Bento Domingues, OP, “Pobreza Escandalosa e Pobreza Virtuosa”
01.07.2013