27.07.2013S. João da Cruz, o místico da noite escura da alma, deixou-nos um desenho da Crucificação, visto de cima, a perspectiva do Pai que inspirou a pintura de S. Dali. Visto de cima, esse momento tenebroso assume um aspecto bastante diferente: a derrota é vitória… é a morte da morte. O ser humano não cai numa escuridão infindável, regressa à luz. A fé cumpriu a sua missão de peregrina, para se dissolver no reino do amor.
Nós ainda estamos a caminho. A fé cristã — ao contrário da religiosidade natural, fácil e despreocupada — é sempre uma fé em processo de ressurreição. Encontra-se em fases muito diversas, ao longo das nossas vidas. O comentário irónico de que a fé é uma muleta para fracos e coxos, dispensável pelos fortes, pode ser, apenas, um expediente de conversa. Prefiro a metáfora de cajado do peregrino, que todos somos.