A partir de Hab 1,2-3/2,2-4, 2Tim 1,6-8/13-14, e Lc 17,5-10:
Nas leituras de hoje, Habacuc começa por olhar para cima, implorando ajuda divina, mas acaba por gravar a sua visão de justiça em tábuas para que possa ser lida e partilhada. A vida de um justo como ele alimenta-se da sua fidelidade a um horizonte ao qual a humanidade aspira. Este episódio da vida espiritual de Habacuc lembra o que Agostinho diz no “Sermão 50”: para enfrentarmos os outros temos de nos enfrentar a nós mesmos. É também nesse sentido que as palavras de Jesus vão. Perante o pedido de fazer aumentar a fé naqueles que o acompanham, ele aponta pelo contrário para uma fé pequena mas fértil, grandiosa na sua pequenez, como um grão de mostarda. A linguagem dele é intrincada e indirecta, definindo a fé não como uma doutrina, mas como uma prática. Uma prática quotidiana e convicta do serviço fraterno que conduz à coincidência entre o que devemos fazer, o que queremos fazer, e o que podemos fazer. Para Jesus, tal como para o profeta Habacuc, é assim que a nossa história pessoal se vai cosendo a uma história maior, a de um povo.