O povo dividido é o povo dos soberbos. Assim como o vento arranca violentamente a árvore, a soberba separa o homem de Deus; daí Job: “Como a uma árvore arrancada, tirou-me,” permitiu que me tirassem “a minha esperança.” (19,10). A esperança do homem é Deus. Separa-se dele quando o vento da soberba lhe arranca a raiz da humildade. E não é de admirar. Soberba quer dizer que anda acima de si; humildade, vileza da terra ou que está escondido na terra. O soberbo sobe; Deus desce. E que coisa há mais contrária ou oposta? Aquele está no sublime, este no humilde. A raiz é a vida da árvore; a humildade, a vida do homem. Se alguém tivesse num jardim seu uma árvore frutífera e bela e o vento a arrancasse da raiz, não se doeria? Certamente. [...] “Resiste aos soberbos, depõe os poderosos.” (1Pe 5,5) A soberba, porém, está sujeita a queda; o que está no fundo está mais seguro do que aquilo que está no alto. Por isso, como diz Séneca, “entrega-te a coisas pequenas, das quais não podes cair.”
— S. ANTÓNIO DE LISBOA, OFM, “Sermões da Epifania do Senhor”
Epifania
08.01.2017