Sobre a Ressurreição

02.04.2018

Nota breve para amizades ateias. A Ressurreição no cristianismo não é a reanimação de um cadáver que produziu uma espécie de morto-vivo. Nunca se transmitiu isso na Igreja. Trata-se, antes, de uma nova criação, da criação de um novo corpo, espiritualmente renovado a partir daquilo que existia. Cristo está vivo connosco. Pelo menos que não acreditem naquilo em que, de facto, quem se diz cristão acredita. Recupero um excerto de um texto do fr. Bento Domingues, OP, de 2004, “Ressurreição e Insurreição”:

Jesus passou a sua existência terrestre — segundo o que dela sabemos — numa insurreição permanente contra tudo o que degrada a vida humana. Essa insurreição era para ele uma questão de obediência à vontade de Deus e dela se alimentava. O Crucificado, o rejeitado por uma coligação de interesses, abriu, a todos, o caminho e o processo da ressurreição. Jesus, ao perdoar aos próprios inimigos, ao entregar nas mãos do Deus vivo aqueles que o entregavam à morte, consumou a sua insurreição contra tudo o que degrada e separa os seres humanos, isto é, o poder do ódio, o poder da morte. A partir daquele momento Jesus Cristo era, é e será para sempre uma vida dada. Que a celebração da Ressurreição de Cristo nos ajude a procurar os bons caminhos para vencer as raízes dos ódios que ensanguentam a terra.