A anedota conta-se rapidamente. O Diabo provoca Deus dizendo que fechou as igrejas com a pandemia. Deus responde: “Abri uma em cada casa.” Só Deus sabe como nos tem feito falta a comunhão eucarística. Ao contrário do que algumas pessoas poderão pensar, a religião não existe sem materialidade e sem comunidade. Não é uma questão meramente individual, de crenças assumidas de mim para mim. A vida religiosa é um caminho como uma árvore, por vezes pouco linear, mas sempre acompanhado. A religião fomenta espaços humanamente valiosos de encontro, partilha, diálogo, amparo, força, vivência inter-pessoal em igualdade e fraternidade. Atravessar este tempo tem sido uma oportunidade para meditarmos sobre o modo como Cristo nos liga, nos congrega, e nos envia. Com o regresso das celebrações comunitárias às igrejas no fim deste mês, é bom não esquecermos o ponto mais fundo. Como ouvi da boca do fr. Filipe na homilia de hoje: não basta irmos à igreja, é preciso sermos Igreja. Ou como escreveu Mário Castrim no seu livro Do Livro dos Salmos, fruto da sua prática de fé nos Missionários Combonianos: “Árvore plantada / à beira das correntes. / Fruto na estação própria. / Folhagem que não murcha.”