Dá-me, Senhor Deus, um coração vigilante, que nenhum pensamento curioso arraste para longe de ti; um coração nobre que nenhuma afeição indigna debilite; um coração recto que nenhuma intenção equívoca desvie; um coração firme, que nenhuma adversidade abale; um coração livre, que nenhuma paixão subjugue. Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que te conheça, uma vontade que te busque, uma sabedoria que te encontre, uma vida que te agrade, uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que te possua, enfim.
— S. TOMÁS DE AQUINO, OP
Um Coração em Deus
Bento Domingues, OP, “Ano da Fé. Um Decreto, Para Quê? (3)”
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Diante dos gravíssimos problemas actuais da sociedade e da Igreja, nota-se um tal retraimento e timidez, que é legítimo perguntar: não estarão as comunidades cristãs a serem vítimas de um longo período no qual a sua voz não contou para nada? Quando, agora, nos interrogamos sobre a sua falta de empenhamento militante, talvez esqueçamos uma resposta antiga: ninguém nos convocou, ninguém quis ouvir a nossa voz, compartilhar as nossas dúvidas e interrogações, tomar a sério a nossa situação pouco canónica e pouco alinhada com a opinião dominante.
Bento Domingues, OP, “Ano da Fé. Um Decreto, Para Quê? (2)”
A resposta é brilhante. Na prática, continuava a rivalidade entre o tempo consagrado ao principal e o tempo gasto com realidades temporais, inferiores. O tempo gasto na actividade esvaziava os ganhos da contemplação. A oração de S. Domingos, testemunhada pelos seus contemporâneos, estava sempre povoada pelas alegrias e tristezas do quotidiano. O trabalho apostólico não o dispersava nem o esvaziava.
O Baptismo como Mergulho e Emersão
A partir de Is 62,1-5, 1Cor 12,4-11, e Jo 2,1-11:
Neste domingo em que celebramos o baptismo de Jesus recordamos como ele foi ungido pelo Espírito Santo (isto é, pelo amor divino), tornando-se Cristo. Podemos pensar no baptismo que nos tornou cristãos. Através deste sacramento mergulhamos livremente em Deus, e emergimos numa nova vida, renascemos, através de uma consciência comunitária em igreja. O que Jesus fez e continua a fazer é mostrar como as portas do céu, que pareciam fechadas, estão escancaradas. Deus está no meio de nós, torna-se presente para nós quando amamos o próximo. Inspirados pela primeira leitura, olhemos então para Jesus como aquele sobre o qual repousou o espírito de Deus para que ele e a Igreja que continua o seu trabalho iluminem os povos na procura de um amanhã justo e pacífico.
Entrevista a Fr. Bruno Cadoré, OP
O Mestre-Geral da Ordem Dominicana, fr. Bruno Cadoré, esteve recentemente em Portugal. Conheci-o pessoalmente quando visitou o Convento do Cristo Rei no Porto, ao qual estou ligado. Fr. Bruno escuta com humildade e atenção, procurando sempre formas de fomentar a união e promover a cooperação entre as pessoas para que a alegria dos laços floresça. A RTP transmitiu uma reportagem da visita que inclui uma entrevista a ele e ao Mestre da Província Portuguesa, fr. José Nunes. Pode ser vista aqui nos primeiros 10 minutos.
Bento Domingues, OP, “Ano da Fé. Um Decreto, Para Quê? (1)”
As interrogações são inevitáveis: tanta ciência económica e financeira, ensinada nas Universidades Católicas, não será capaz de imaginar contributos para alternativas concretas, técnica e politicamente viáveis? A Banca é para salvar as pessoas ou serão estas, as exploradas, que devem salvar os interesses da Banca, mediante decisões governamentais? Não será possível desconstruir configurações políticas que, nos seus efeitos, resultam em grandes negócios para uns e em castigo para a maioria da população? Estaremos numa civilização esgotada a transitar de continente para continente, enquanto sistema de exploração, sem tentar curar as suas raízes?
Bento Domingues, OP, “Presépio Aberto”
Jesus não nasce na cidade de Jerusalém, centro do poder político e religioso. Os pastores representam, precisamente, os que não frequentavam o culto oficial e são os primeiros a chegar ao presépio. Os Magos passam por Jerusalém, mas não ficam lá. A estrela desloca-os para a periferia, significando que se trata não de um fenómeno astronómico, mas teológico. Se os judeus da religião ortodoxa não reconhecem Jesus, os Magos, pagãos, procuram-no. Jesus, com Maria e José, depois da viagem pelo Egipto não vão morar no templo. Vão trabalhar para Nazaré, no meio de toda a gente. O presépio realiza, em miniatura, o que foi a revelação de Jesus na sua vida adulta: Deus anda à solta e faz a sua morada, o seu templo, onde menos se espera e faz família com quem não é da família.
O Céu em Portugal
Szaza vem de Istambul e já passou por muitos lugares: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Eslováquia, Espanha, EUA, Finlândia, Grécia, Hungria, Líbano, Nepal, República Checa, Turquia, e Vietname. Está agora em Portugal e olha para a realidade portuguesa de um modo atento, descobrindo a dimensão espiritual do nosso quotidiano que tantas vezes nos escapa — como aqui. (Obrigado, Filipa.)
Visita Canónica do Mestre-Geral da OP
O Mestre-Geral da Ordem dos Pregadores, fr. Bruno Cadoré, chega hoje a Portugal para uma visita canónica que vai passar ainda pelo Porto e por Fátima. O programa detalhado da visita está disponível aqui.
Bento Domingues, OP, “Bom e Mau Desassossego”
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Dadas as conquistas sociais, culturais e políticas que as mulheres já conseguiram, diferenciadas segundo os países e continentes, existe a tentação de não olhar de frente os crimes que continuam a cometer-se contra a parte maior da humanidade. Direitos e deveres implicam igualdade social de mulheres e homens. A hierarquia católica e as autoridades de outras confissões religiosas não podem reclamar essa igualdade na sociedade civil e negá-la no campo religioso, incapacitando-as de se tornarem as grandes impulsionadoras, a nível local e mundial, de mudanças inadiáveis.
A Procura Revolta da Paz
Na medida em que a pessoa está em Deus, a pessoa está em paz. Tudo o que de uma pessoa está em Deus tem paz; tudo o que de uma pessoa está fora de Deus tem tumulto. S. João diz, “todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo” (1Jo 5,4). O que quer que nasce de Deus procura a paz e corre para a paz. Por isso Jesus disse, “vade in pace: vai em paz, corre em paz”. A pessoa que está numa corrida, uma corrida contínua, e está em paz, tal pessoa é uma pessoa celeste. Os céus revolvem-se constantemente e ao correrem procuram a paz.
— MESTRE ECKHART, OP, “Sermão 7”
(trad. Sérgio Dias Branco, a partir da trad. para inglês de Frank Tobin)